O futuro dos meios de pagamento

No artigo anterior falamos sobre a evolução histórica do dinheiro e sobre os novos padrões de consumo. Hoje vamos falar um pouco sobre qual será a evolução e o futuro das transações financeiras e meios de pagamento aqui no Brasil.
Mas qual a importância de se tocar nesse assunto ?
Eu não falo disso só porque eu gosto muito, tá eu gosto muito, mas o fato é que as empresas mais sólidas investem pesado em pesquisa de mercado, não esperam o vento mudar de direção para ajustar suas velas.
Estando o vento favorável ou não, elas estão preparadas! Por isso, a importância de estar consciente e saber qual caminho nos trouxe até aqui, e assim podemos planejar qual o melhor caminho a seguir.
De onde viemos?
Se você leu o artigo anterior(se não leu, clique aqui para ler) falamos bastante sobre a evolução histórica do dinheiro, e conseguimos entender um pouco como essa evolução está diretamente ligada à transformação do homem como ser social, a evolução tecnológica e a forma que nos conectamos a ela.
Seguindo o mesmo paralelo podemos acompanhar como os meios de pagamento tem evoluído ao longo da história, observando como essa evolução tem conexão direta com as demandas por novos métodos para atender aos padrões de consumo da população.
A indústria de cartões
Um exemplo bem claro de demanda inspirada em novas necessidades pode ser visto na história por trás do surgimento da indústria de cartões.
Em 1949 um empresário chamado Fred McNamara durante um jantar percebeu que não estava com sua carteira, diante do problema de não poder pagar pela falta de dinheiro em mãos surgiu uma necessidade e uma idéia. Então McNamara junto a um sócio reuniram 27 estabelecimentos e cerca de 200 amigos e deram vida ao Diners Club Card.
Percebam que o Diners do nome vem do jantar (em inglês, diner) que o empresário não pode pagar pela falta da carteira, é incrível como grandes ideias nascem de necessidades simples.
Em 1950 os cartões começaram a ser associados às instituições bancárias, em 1958 a American Express passou a emitir um cartão para cobrir despesas com viagens, no mesmo ano o Bank of America lançou um cartão próprio com a característica de ser aceito em uma ampla variedade de estabelecimentos e com a possibilidade de parcelamento das compras com incidência de juros.
O modelo foi tão bem aceito que 21 mil instituições financeiras criaram um joint venture para fornecer cartões de crédito e débito: a Visa.
Dez anos depois bancos da Califórnia criaram um concorrente, o Master Charge que posteriormente foi renomeado para MasterCard.
hoje eu nem preciso dizer que os cartões de crédito e débito são amplamente utilizados e aceitos no Brasil e no mundo.
Os adventos da tecnologia na indústria de cartões
A evolução continuou, e a indústria de cartões recebeu uma significativa ajuda quando em 1967 a primeira ATM (do inglês Automatic Teller Machine) entrou em operação em Londres.
Se iniciava era dos pagamentos eletrônicos.
Já em 1970 entra em cena o uso de cartões com tarjas magnéticas, agora os estabelecimentos poderiam verificar eletronicamente as transações, o que significava uma economia considerável no tempo gasto em cada operação.
Em 1980 as redes de cartões se globalizaram e foi iniciado o uso dos cartões junto ao PIN (Personal Identification Number) em um terminal POS ( Point of Sale).
Essas evoluções modificaram muito o padrão de consumo da população na época ajudando a tornar o processo de uso dos cartões mais simples e dinâmico.
Mas não parou por aí, em 1989 o cartão Discover começou a oferecer um pequeno desconto nas compras para seus consumidores, assim se criou o sistema de Cashback e recompensas vinculado aos cartões.
Em 1990 chegam os cartões com chips ou SmartCards, mesmo com o sucesso dos cartões com tarja magnética ainda existia um enorme problema a ser enfrentado, o cartão era muito vulnerável, as fraudes eram crescentes. O chip acrescentou a proteção de protocolos criptográficos no próprio terminal POS, aumentando a segurança das transações.
A internet das coisas
Não é novidade para ninguém que a internet trouxe uma verdadeira revolução na forma de vender e comprar, acho difícil encontrar alguém hoje que nunca tenha feito pelo menos uma pesquisa online de algum produto ou serviço que esteja interessado, na verdade hoje se a empresa não tem nenhum tipo de divulgação na internet não é nem vista como confiável.
Mas o caminho para chegarmos a esse novo canal de interação se inicia lá em 1994 quando a internet se abriu ao comércio, um ano depois em 1995 surge a nossa queridinha Amazon.com, inicialmente sua operação foi concentrada na venda de livros online, dois anos depois ela se torna o primeiro varejista online com mais de um milhão de clientes.
Em 1998 uma startup chamada PayPal (Você já deve ter ouvido falar) cria um serviço que permitia a qualquer pessoa com um endereço de e-mail se cadastrar e enviar e receber dinheiro de outros usuários.
Mas foi em 1999 que o termo Internet Of Things (Internet das coisas) foi empregado pela primeira vez por um empresário chamado Kevin Ashton.
Ele falava sobre máquinas capazes de se comunicar umas com as outras, coletando dados, analisando e compartilhando e com isso novos padrões de automação e eficiência poderiam enfim ser alcançados, não parece tão absurdo hoje como parecia na época.
Tanto que em 2005,seis anos depois, a agência da ONU para telecomunicações publicou seu primeiro relatório sobre a internet das coisas, expondo o surgimento de uma rede dinâmica de objetos inteligentes, que somados ao enorme poder de processamento e armazenamento em nuvem, intensificava o processo de digitalização e formava uma nova estrutura de sociedade, as sociedades baseadas em informação.
Podemos dizer que, a internet das coisas abriu um canal que ampliou as possibilidades de entrega de serviços e trocas comerciais, tudo está conectado então tudo é um ponto comercial em potencial.
Tanto que em 2007 tivemos o lançamento do iPhone pela Apple, e em novembro do mesmo ano o lançamento do sistema operacional Android pelo Google. Foi a introdução do celular como espaço de pagamentos móveis.
Só para ter uma ideia no Brasil em 2017 70% das transações financeiras (Mobile Banking) foram feitas por aplicativos de celulares de acordo com a Febraban.
Você ainda tem dúvidas do impacto da tecnologia nas transações financeiras?
E para onde vamos?
Em 2009 nos foi apresentado o misterioso mundo novo das criptomoedas, assunto rodeado de muita especulação e medo.
Mas para muitos especialistas o verdadeiro tesouro por trás das criptomoedas está na tecnologia que torna possível a sua existência: a blockchain.
A tecnologia de blockchain pode ser conhecida também como “protocolo de confiança” pelo fato de se tratar de uma cadeia de dados que permite a qualquer pessoa inserir novos registros como se fosse um livro-razão público, sem a utilização de intermediários em qualquer transação, nada de bancos para que a transação seja válida.
Outro ponto bastante importante é a segurança que essas transações podem trazer, já que desde que foi criada a blockchain ainda não conseguiu ser fraudada.
Nem preciso de bola de cristal para saber que sua utilização promete revolucionar o sistema bancário mundial.
E se a validação é fundamental para o futuro que estamos a espreita, podemos dizer que a conexão é essencial!
Hoje tudo está conectado, e é claro que quando falamos de meios de pagamento estar conectado traz inúmeras vantagens tanto para os consumidores quanto para o comércio em geral.
A palavra de ordem é tornar a experiência do cliente cada vez mais cômoda e sem obstáculos.
Essa busca constante por maneiras mais simples de fazermos tudo está presente tanto na popularização dos wearables onde é possível não só utilizarmos os smartphones nas transações e pagamentos, mas também relógios, anéis e qualquer outra coisa que possa ser imaginada, como também, na utilização de RFID (etiquetas de radiofrequência) e de NFC ( campo aproximado de comunicação) para pagamentos utilizando o celular ou cartão, além do uso de QR Code em operações de pagamento feita por canal 100% digital.
Chegamos ao fim do artigo de hoje, mas estamos só no começo de uma longa caminhada rumo à inovação, muita coisa legal vem por aí!
O que podemos tirar disso tudo?
O uso de novas tecnologias nos meios de pagamento não só garantem ao consumidor diversas possibilidades de ofertas mas também benefícios aos varejistas. As inovações trazem o aumento da frequência de compras e fidelização de seus clientes.
Existem hoje diversas plataformas de venda que trabalham com a criação de ofertas personalizadas através de dados coletados e armazenados, podemos destacar o trabalho de fidelização e estratégia de relacionamento feito pela Amazon que é referência quando o assunto é entender e antecipar necessidades do seu público.
Vale dizer que estar atualizado em relação a tudo de novo que surge e se consolida nessa área é um importante diferencial, além de extremamente necessário para se manter competitivo no mercado.
Já dizia o poeta: Navegar é preciso, a vida não.
Da mesma forma eu peço uma licença poética para dizer: Inovar é preciso, para onde vamos? só o tempo vai dizer.
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Jennifer Christine
Assistente Contábil na Acedata Contabilidade. Sou formada em Contabilidade pela Mackenzie Rio e Gestão Financeira pela 4Blue. Apaixonada por finanças desde pequeninha e amante da Contabilidade Gerencial como forma de dar vida às empresas.